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Há duas direções opostas de mudança: a de Deus em nós e a nossa em nós próprios.

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Este artigo é um “pensar em voz alta”. É apenas a visão que eu tenho, neste momento, baseada no meu estudo da Bíblia e na minha experiência pessoal de trabalho com “humanos”. Não significa que esteja correcta, nem que não venha a mudar.

 

Direções opostas 

Quando olhamos para a mudança operada por Deus na vida de pessoas, podemos verificar que há uma mudança interior profunda no coração dessas pessoas que, depois, leva a uma mudança não só nas atitudes como na forma de pensar, motivações, alvo de vida, etc. A pessoa é transformada de uma forma global, através do interior, e isso passa a ser visível também no “exterior” da pessoa.

Na direção oposta, temos o nosso trabalho de auto-mudança. E aí, a Bíblia não diz para mudarmos o que sentimos (o que seria impossível), mas as nossas atitudes, o nosso agir, o nosso exterior, de forma a que o nosso interior vá mudando também.

 

E os fariseus?

Percebo que este conceito do “agir”, a nível bíblico, nos traz um sério problema. Então, poderias perguntar, como vamos entender os fariseus? Eles faziam precisamente isso – mudar o exterior, ter as atitudes e comportamentos perfeitos – e no entanto Jesus criticou-os duramente, chamando-lhes sepulcros caiados, que têm o exterior limpo e o interior cheio de morte e podridão.

Mas, quando eu falo de mudança de fora para dentro, é isso mesmo que estou a dizer – mudança. Os fariseus não estavam em mudança nem a desejavam. Eles tinham as atitudes correctas apenas para “parecerem” bem. Eles viviam no orgulho da sua superioridade e não tinham qualquer intenção de mudar o seu coração. Quando eu falo deste conceito de mudança não estou, obviamente, a defender a manutenção de uma imagem exterior. A mudança exterior é apenas uma ferramenta para alcançar a mudança interior.

 

Amor não é algo que se sente, mas que se faz!

Quando Jesus diz para amarmos os nossos inimigos, Ele não estava, obviamente, a dizer para sentirmos coisas agradáveis acerca daqueles que nos maltratam. E Ele deixa isso bem claro – esse amor não é sentir, mas fazer. São os gestos práticos como, diz Ele, dar um copo de água ao nosso inimigo se o virmos com sede. É ter a atitude correcta, falar de forma respeitosa (ou fechar a nossa boca quando temos vontade de dizer mal), fazer aquilo que devemos, mesmo quando não nos apetece.

 

Hipocrisia!!

Isso é hipocrisia, podes pensar. Sim, sem dúvida, pode ser, se o estás a fazer para manteres a imagem correcta, para esconderes o que estás a sentir. Por outro lado, estas atitudes podem ser um primeiro passo num processo de mudança mais profunda. O que define a diferença é a tua motivação.

 

Amor

Quando Deus nos diz para amarmos – a Ele e ao nosso próximo – não pode estar a referir-se a um sentimento. Como é que consegues obrigar-te a ti próprio a sentir algo? No entanto, à medida que vais tendo atitudes mais amorosas em relação ao outro, com intenção, o que sentes por ele também vai mudando.

 

 

Mudança de pensamento

Essa mudança não é apenas nas atitudes. Ela vai-se aprofundando, também através da forma de pensar. Ao longo de toda a Bíblia nós encontramos orientação acerca de como devemos gerir o nosso pensamento. Em Salmos, David diz que deseja que o meditar do seu coração seja agradável a Deus. Na sua carta aos Filipenses, Paulo diz em que devemos pensar. Em muitas passagens da Bíblia nós verificamos que Deus quer, não que sejamos ingênuos e não tenhamos consciência do mal, mas que nos empenhemos em manter o nosso pensamento “limpo”.

Então, a mudança de atitude aliada a uma mudança da forma de pensar e de ver os outros, são ferramentas bastante úteis para ajudar não só na mudança de coração mas também do próprio caráter.

 

Mudança interior 

As boas notícias? Não precisas de continuar a lutar para sentires o que não consegues sentir ou para mudares o teu interior. O desespero e o desânimo só tornam mais difícil essa mudança, levando-te a acreditar que é impossível, que nunca o conseguirás.

Lembra-te – não precisas de sentir, para depois começares a fazer. Podes começar a fazer mesmo enquanto não sentes. Podes começar a ter atitudes correctas mesmo quando ainda não tens vontade.

 

Libertação 

Isto é uma libertação tremenda do poder escravizador das emoções. Muito do que fazes ou deixas de fazer tem a ver com o que sentes e com o facto de acreditares que tens que agir de acordo com as tuas emoções. Para “dares um copo de água”, não precisas de sentir. Só precisas de o fazer. E depois, podes fazer a análise – não foi assim tão difícil. Então, podes avançar para o passo seguinte, para a atitude seguinte. Passo a passo, aproximando-te mais daquilo que gostarias de ser.

 

Mudança interior é um processo, passo a passo. Acima de tudo, é uma decisão, de crescimento, de maturação, e não apenas de mostrar uma imagem ilusória.