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Déficit de atenção será uma doença? Um handicape? Um distúrbio mental?

 

Endurance

 

Lembro-me de, nos meus tempos de estudante no Alcoitão, um professor falar sobre dificuldades no desenvolvimento da linguagem, dizendo que todos nós temos menos habilidade em algumas áreas: umas crianças têm menos habilidade para exercício físico, sendo desajeitadas e nunca alcançando bons resultados; outras têm pouca habilidade para artes… outras para a fala / linguagem. Esta sempre foi a minha atitude, como terapeuta da fala, quando trabalhava com crianças que apresentavam dificuldades a nível de linguagem ou de outras áreas. Há coisas que são doença; há coisas que são deficiência; e há coisas que são simplesmente falta de habilidade ou de um skill mais apurado.

 

“Burros” ou génios?

É interessante verificar que muitos daqueles que têm sido considerados superiores ou mesmo génios em determinada área, enquanto estudantes eram vistos como pouco capazes ou até como tendo sérias dificuldades — pessoas que nunca iriam ser nada na vida. O facto de considerarmos como génio alguém que uns anos atrás tinha sido visto como incapaz e sem grande inteligência, deveria levar-nos a sermos mais cuidadosos em rotular como problemáticos ou inferiores aqueles que agora não encaixam nos moldes que, num rasgo de orgulho, definimos como necessários para que a pessoa venha a ser alguém na vida.

Perdoem-me o desabafo! Mas custa-me cada vez mais ser confrontada com a pequenez de mente que muitas pessoas, por vezes até “especialistas”, exibem ao definir como incapazes crianças que estão longe de o ser. E o problema é frequentemente agravado por pais que (tal como eu) já não suportam ouvir dizer mal dessas crianças (neste caso os seus filhos) e entram no extremo oposto de desculpar, justificar, permitir, acabando também por tratar os filhos como incapazes, com atitudes que são tão prejudiciais com as dos que os rotulam.

No primeiro artigo desta série, sobre Hiperactividade, podes encontrar algumas das consequências negativas de diagnosticar ou rotular estas crianças https://lisboacounselling.com/insucesso-escolar-hiperactividade/

 

Dificuldade de concentração

Isto é algo que todos nós experimentamos, às vezes com bastante frequência. A capacidade de concentração é afectada por muitos factores, como o stress, o cansaço, as preocupações. Também algumas capacidades, quando num grau bastante elevado, afectam a concentração como, por exemplo, os muito criativos ou os que são particularmente dotados para o desporto. Isso não significa que essas crianças tenham uma incapacidade em se concentrar. Da mesma forma que uma criança um pouco mais tardia em desenvolver a linguagem pode ser ajudada nessa área, também as que têm dificuldade em manter a atenção podem treinar e desenvolver essa capacidade.

 

o que podes fazer?

Uma agravante, em qualquer tipo de problema, é este ser visto como um todo, como um PROBLEMA. Não é possível resolver um problema apenas com uma investida. Qualquer problema precisa de ser dividido em pequenas partes, pequenas áreas que vão sendo sucessivamente abordadas. Esta é a lógica eficaz que usamos para fazer a pé um percurso de 500 metros. Não é possível fazê-lo só de um salto, pelo que o dividimos em vários passos. Para reduzir a dificuldade de concentração, também tens que definir pequenos alvos que vão sendo sucessivamente alcançados e ultrapassados. Podes usar diversas variáveis que ajudem a definir esses alvos. Por exemplo, podes definir o tempo, estabelecendo períodos muito curtos  (tão curtos quanto for necessário) em que o teu filho deve focar em fazer uma pequena tarefa específica. A informação acerca dessa tarefa deve ser passada de forma bem clara, específica e fácil de visualizar. E, fundamental, passa o feedback positivo; diz ao teu filho especificamente o que ele fez bem, ajuda-o a perceber que conseguiu alcançar aquele objectivo, por muito pequeno que fosse, e que é capaz de avançar para o alvo seguinte (em vez de teres a habitual atitude desencorajadora de lhe apontar tudo o que ele ainda não consegue).

 

Déficit de atenção não é um handicape. É apenas uma “falta de habilidade” nessa área específica.

A intervenção de Counselling passa por identificar e desenvolver o potencial latente que a pessoa (criança ou não) tem e ajudá-la a criar estratégias que lhe permitam alcançar uma boa capacidade de concentração mesmo sem se encaixar nos moldes da maioria das pessoas.

O teu filho não tem que ser igual à maioria. O teu filho é uma pessoa única. E em algumas áreas pode ser muito mais eficaz usar estratégias também diferentes do convencional.