A forma como comunicas é uma opção; deve ser uma decisão tua e não algo que fazes por impulso ou porque “o teu temperamento é assim”.
Para muitas pessoas é extremamente difícil dizer o que pensam. Preferem ser prejudicadas a estarem elas a prejudicar ou magoar alguém. Mas tal como o estilo de comunicação demasiado duro e insensível, este estilo “brando” também tem efeitos muito negativos, especialmente nos relacionamentos mais próximos.
Amor não é permissividade
É fácil confundir-se amor com permissividade. Mas quando permites tudo ou quando não dizes o que é necessário, não estás a mostrar amor. Estás a ter uma atitude que é prejudicial (e por vezes muito) para a pessoa a quem amas. Estás a incentivá-lo a tornar-se egoísta e a permanecer nos seus hábitos negativos.
Amar é estares disposto a “dar-te ao trabalho” de investir naquilo que é bom para o outro (não apenas no que é agradável). Quando não o fazes, na verdade, não estás a mostrar amor; estás simplesmente a proteger-te da dor ou risco de dizeres algo difícil. Isso é amor… por ti próprio, não pelo outro.
Consequências
Um dos resultados deste tipo de comunicação demasiado branda, que permite no outro o enraizamento de atitudes erradas, é esses hábitos e atitudes negativos ou abusivos se estenderem também para outros. Ou seja, quando permites, por exemplo nos teus filhos, atitudes pouco correctas, estás a colaborar para que eles venham a ter esse tipo de atitudes com a sua família futura: esposa / marido, filhos, etc.
Demasiada “brandura” no ambiente de trabalho
Tal como na vida pessoal, no trabalho a comunicação tende a funcionar num dos extremos — ou demasiado dura, autoritária e sem tacto ou excessivamente branda. Ambas as opções são negativas e têm consequências. A brandura excessiva, por si só, não constrói bons relacionamentos. Muitas vezes não se diz o que é preciso para evitar desconfortos ou mau ambiente. Mas não falar daquilo que precisa de ser mudado, vai criar outros problemas e nem sequer melhora o ambiente ou os relacionamentos.
Cúmplices!?
Em situações mais graves, como bullying, pressão de grupo ou outras atitudes que afectam e prejudicam seriamente a vida de outros, ao não falares estás a aceitar ser cúmplice nessa situação. Estás a ajudar a pessoa que está errada a continuar nesse caminho.
Ter uma atitude passiva, ou permitir, pode ser tão anti-ético como gritar e fazer “uma cena”. Na família, o que está em jogo é não só o desenvolvimento futuro daquela pessoa, o seu carácter, mas também o bem-estar dos que se relacionam com ela. No ambiente de trabalho estão em jogo tanto os relacionamentos e o funcionamento da equipa, como a própria performance ou mesmo a imagem da empresa. Muitas empresas acabam por não sobreviver, porque não lidam de forma eficaz com problemas corrosivos que vêm a levar ao colapso de todo o grupo.
Qual o extremo em que te encontras mais frequentemente? Tens mais tendência para “dizer umas coisas” e deixar a tua raiva sair “doa a quem doer” ou optas por ficar em silêncio mesmo quando devias falar?
A mudança passa por adquirir as competências necessárias para perceber e definir qual a atitude necessária em cada situação e conseguir ter essa atitude, sem se deixar levar pelo impulso de gritar / pressionar ou de desistir.
Para ser assertivo é indispensável ter sensibilidade. Mas esta não deve nunca ser confundida com “moleza”.