Para melhorares o teu desempenho, tens que te pôr em boa forma.
A tendência natural, é continuares a trabalhar, mesmo quando já não estás em condições. Parece que a justificação de que “tem que ser” é suficiente para que seja possível continuares a funcionar. Esta pressão é não só externa – quando o sistema exige que “produzas” mais – mas também interna, que tu colocas sobre ti próprio, exigindo de ti aquilo que os outros na realidade não estão a exigir.
Consequências
A consequência mais óbvia é a nível da saúde e bem-estar da pessoa, que se vai deteriorando e desenvolvendo sintomas psicossomáticos, como dores, perturbações digestivas, alergias, insónias ou mesmo situações de ataques de pânico ou esgotamento (no índice dos artigos deste site podes encontrar os link para séries de artigos acerca de alguns destes temas).
No entanto, quando esticas para além do teu limite, vais estar a trabalhar com menos capacidade, menos destreza mental, menos atenção e concentração. Isso significa que, por um lado, o teu nível de rendimento e de qualidade de trabalho será mais baixo e, por outro, há uma maior probabilidade de cometeres erros. Estes, no mínimo, vão obrigar a gastar tempo para serem detectados e corrigidos. Mas por vezes são erros mais graves, que colocam outros em risco. Aliás, a nossa História recente, tem bastantes exemplos de situações dramáticas e acidentes, até com perda de vidas, provocados pelo cansaço extremo e pressão a que estavam sujeitas as pessoas responsáveis por esses projectos.
Não estares a descansar com qualidade, tem custos a nível da tua saúde, da tua performance e pode colocar outros em risco.
Óbvio?!
Há situações em que esta necessidade de estar em boa forma parece óbvia. Por exemplo, as pessoas que correm maratonas, gastam imenso tempo apenas a fortalecer-se. Mas noutras, tendemos a esquecer esta lógica. Porquê? No trabalho, enquanto funcionas, ou pareces funcionar, vais “esticando”. Aparentemente vais conseguindo continuar a cumprir os teus objectivos. Como alguém me estava a referir há alguns dias “mesmo em relação às pessoas que estão próximas de nós, com quem trabalhamos diariamente, muitas vezes não sabemos que estão exaustas ou a entrar em ruptura.” Porque, na verdade, isso continua a ser tabu. As pessoas procuram manter o seu aspecto exterior e continuar a fazer o seu percurso. Com a maratona isso não funciona, de todo. Ou estás em boa forma ou não consegues passar dos primeiros quilómetros.
Então, numa estratégia de curto prazo, parece que a ideia de “aguentar até acabar este trabalho” até funciona. O problema é que depois desse trabalho vem outro, e outro, e outro, não dando às pessoas a possibilidade de recarregarem as baterias para poderem continuar nas suas “corridas”. A curto prazo, a estratégia de aguentar até ao fim pode funcionar, mas a longo prazo não tem como. E a prova disso é que o número de pessoas com esgotamento está a aumentar e a atingir pessoas cada vez mais novas. Grande parte dos meus clientes com burnout estão na faixa etária dos 20 ou dos 30.
Músculos mentais
Em counselling usamos muito a expressão de músculos mentais e emocionais. Estes não se vêem no nosso corpo físico, mas são tão importantes como os músculos físicos. E fortalecem-se da mesma forma, precisando de ser estimulados e exercitados de forma intencional.
Se queres participar numa prova desportiva difícil, precisas de exercitar e fortalecer os teus músculos físicos. Ter um alto desempenho, é igualmente impossível sem estares em boa forma.
Certamente há coisas na tua vida que precisam de mudar. Mas não fiques à espera que a tua situação mude. Isso pode não acontecer. A mudança tem que começar dentro de ti.