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Parar é muito mais fácil e menos “dispendioso” do que imaginamos. Na verdade, o que é difícil é nos dispormos a isso. Mas quando ultrapassamos essa barreira do “impossível”,  permitirmo-nos  verificar que não só é possível, mas muito mais produtivo do que continuar no mesmo ritmo.

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Ao longo dos tempos, sempre houve pessoas que cultivavam esse estado contemplativo como um caminho, um meio de os ajudar a alcançar níveis mais profundos. Podemos encontrar isso nos antigos sábios, pensadores e filósofos, mas também em poetas, músicos, pintores e outros artistas, que usavam esses momentos de paragem para conseguirem ampliar a sua capacidade de visão, de entendimento e de expressão do que estavam a experimentar.

 

Perda de tempo?

Parar é um período em que parece que não se está a fazer nada a não ser perder tempo. Mas na verdade, quando nos permitimos parar estamos a fazer algo muito importante e que não é tão fácil assim – estamos a recarregar baterias; estamos a criar um ritmo de vida que nos permita funcionar bem, a longo prazo.

A noção de possibilidade de ruptura está bem clara na mente de todos nós mas normalmente não a aplicamos a nós próprios. Apesar de termos bastante informação nesse sentido e de “acreditarmos” que isso é real e que muitas pessoas entram em processos de ruptura com maior ou menor gravidade, devido a demasiada pressão, raramente temos a consciência de que isso pode acontecer mesmo a nós (não apenas aos outros). Essa será uma das principais razões para que a maioria das pessoas não tome medidas para evitar esse desgaste.

 

Diferente gestão de tempo e recursos

“Neste momento não posso dar-me ao luxo de parar”, é uma expressão que eu oiço com frequência. No entanto, estas pausas intencionais (que não são apenas ficar a preguiçar) dão-nos uma distância mental que nos permite olhar para as situações com um olhar mais fresco, com maior capacidade de visão e análise e também com mais capacidade e energia para lidar com as nossas situações com uma atitude mais positiva, adequada e eficaz. Isto leva a uma melhoria e maior eficácia na gestão que fazemos dos nossos recursos e do nosso tempo. Na verdade o modo de “correria”, por si próprio, já consome tempo e leva-nos a também desperdiçar grandes fatias desse bem precioso.

“Quando comecei a trabalhar a ideia de abrandar, pensei que isso só seria possível nesse período em que eu estava de baixa, imposta pelo médico (diagnóstico: burnout), alguns dias antes de eu começar a fazer counselling com a Mena. Agora que estou de volta ao trabalho, consigo manter este novo ritmo sem qualquer diminuição na minha produtividade, e com mais qualidade / estabilidade e menos stress para mim e para os que estão à minha volta. E consigo ter tempo para fazer muitas coisas que antes sabia importantes mas não conseguia fazer, nomeadamente com a minha família.

O meu dia tem as mesmas horas que tinha antes. Mas eu aprendi a fazer uma gestão intencional e eficaz dele. Para além de agora conseguir ter tempo para os outros, desenvolvi esse hábito de ter um “tempo zero” para mim, cada dia, que me permite limpar os tóxicos e desgastes e recarregar baterias.”

 

Viver o presente vs egoísmo 

Muitas pessoas lamentam não terem feito algo, ou não terem usufruído mais de alguém enquanto esse alguém ainda estava com eles – sejam filhos que já saíram de casa, uma relação que chegou ao fim, alguém que já não está vivo ou sonhos / desejos que nunca foram concretizados. Na maioria das pessoas isso acontece porque vivem no passado, ou no futuro, e se esquecem completamente de viver o presente. As memórias e dores do passado, as preocupações com o futuro ou mesmo intermináveis divagações em relação a coisas que nunca vêm a acontecer, consomem o nosso tempo e impedem-nos de viver o presente. O parar, ajuda-nos a tomar consciência deste presente, a tomarmos posse dele, a decidirmos viver nele. Apreendendo com o passado, sem dúvida, planeando o futuro, óbvio, mas… vivendo o presente. Este é o único momento que realmente temos nas nossas mãos.

 

Parar é possível. E o dia certo para começar a fazer isso, é hoje!

Vamos continuar a olhar para este tema ao longo dos próximos artigos.