Podemos aprender a sentir o cortisol no nosso organismo, tão facilmente como sentimos a cafeína, a adrenalina ou outras substâncias. Ele provoca sintomas bem específicos.
Sintomas
O cortisol provoca uma aceleração geral no organismo, que se percebe mais facilmente na respiração, ritmo cardíaco e pressão arterial. Também a nossa mente fica a girar mais depressa, com os vários temas de pensamentos, preocupações, memórias, imaginações, a se sobreporem de uma forma rápida, desordenada e difícil de controlar. Pode haver outros sintomas físicos, como as mãos a transpirar, o aumento de intensidade de tiques, sensação opressiva no peito e outros sintomas mais subtis que variam de pessoa para pessoa. O próprio odor da pessoa fica diferente, principalmente na transpiração. O cortisol, ao sair do corpo através da transpiração, tem um odor muito característico e fácil de identificar.
Os sintomas variam um pouco de pessoa para pessoa. Mas é muito importante aprendermos a identificar os nossos próprios sintomas, conseguirmos perceber que o que estamos a sentir num determinado momento, é provocado por um pico de cortisol. Assim, mais facilmente podemos planear e evitar outras consequências do desta hormona, nomeadamente nas nossas atitudes e decisões.
Como é produzido o cortisol?
Esta é uma hormona que o nosso organismo produz quando pensa que está em risco, seja num perigo real ou imaginário. Por exemplo, se te encontras com um cão muito feroz, que rosna e arreganha os dentes para te morder, o teu corpo fica imediatamente inundado de adrenalina e cortisol, para aumentar a tua capacidade de fugir. Mas se tu pensas na possibilidade de te vires a encontrar com um cão do qual tens medo, o teu corpo tem a mesma reação hormonal. O teu cérebro “lê” o teu pensamento, mas não distingue se o perigo está ali à tua frente ou se apenas estás a pensar nele.
Assim, todo o ambiente negativo do nosso pensamento, produz cortisol. A nossa tendência natural é para estarmos no negativo, seja a preocupação, as memórias e mágoas, as expectativas frustradas, ou mesmo os “filmes” que fazemos na nossa mente. Quando o nosso pensamento está em piloto automático, o nosso corpo está a produzir os bioquímicos que esse ambiente pede. Na prática, estás a receber aquilo que “encomendas” ao teu cérebro. Então, é bom que comeces a encomendar aquilo que te é mais benéfico.
Toma consciência
Grande parte do meu trabalho com os meus clientes, passa pelo alargar da sua consciência. Counselling não faz a análise do problema ou das suas causas, mas há um trabalho a nível da consciência do que está a acontecer ao longo do processo de mudança, de perceber o que está a provocar tanto emoções como atitudes. É muito importante percebermos de que forma o cortisol como “estilo de vida” nos afeta e as consequências que um súbito pico desta hormona têm em nós. Precisamos de perceber que, em determinados momentos, não “estamos em condições” e não vamos conseguir funcionar assim. Aí, podemos planear como lidar com a situação desse momento, sem deixar que seja o cortisol, o impulso, a falta de bom senso, a assumir o controlo.
Na verdade, tanto as nossas emoções como atitudes, relacionamentos e performance, ficam bem mais fáceis quando percebemos o papel que as nossas várias hormonas têm sobre eles e como podemos gerir a produção de cada hormona, tanto das negativas como das positivas.
No próximo artigo vou falar sobre isso.