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Muitas pessoas vivem situações de bullying sem terem noção disso. E isto, porque a violência psicológica continua a ser vista como algo muito subjetivo. Porque é que vamos considerar violência, atitudes a que outras pessoas conseguem não dar importância? Afinal, não se tratará antes de uma hipersensibilidade por parte da vítima?

 

Uma situação de violência psicológica não tem nada de subjetivo; e nem é assim tão difícil de identificar. No entanto, há todo um processo, incentivado pela sociedade e, principalmente, pelo agressor, que leva a pensar que a situação não tem qualquer abuso, ou mesmo que a culpa é da vítima.

Como podes pedir ajuda, se fazem parecer que a “culpa” é tua – ou se tu mesmo acreditas nisso? Mais, como podes perceber se a situação em que estás é de bullying?

Conhecer as características da situação é fundamental, para conseguires sair dela. Para as pessoas que estão próximas (família, amigos, colegas), normalmente é mais fácil identificar sinais de violência psicológica na vítima do que no agressor.

 

Bullying não é falta de paciência, assertividade ou uma doença. Bullying é uma forma de abuso intencional e repetida contra uma ou mais pessoas.

 

Características

A agressão pode ser verbal, através de comentários ofensivos acerca do trabalho da vítima ou da sua própria pessoa (podendo incluir a sua família, raça, educação, crenças, contexto económico, etc). Em relação ao trabalho, podem ser pedidas tarefas inúteis ou mesmo descabidas e que não têm nada a ver com as suas funções, ou coisas que são impossíveis de realizar no tempo estabelecido ou com os recursos disponíveis; podem mudar deliberadamente o seu horário, de forma a dificultar-lhe a vida; reter ou esconder informação de que precisa para fazer o seu trabalho.

O “feedback” pode ser passado criticando a vítima de forma dura, injusta e muitas vezes mentirosa. Pode haver a criação de boatos acerca da vítima.

Algumas situações de bullying passam por ataque físico, que é negado ou justificado como não intencional (empurrar, fazer tropeçar, pisar, etc), ou por danificação de objetos ou mesmo trabalho da vítima.

Assédio sexual é uma forma de abuso frequente que pode passar por comentários, solicitações ou mesmo toque físico abusivo.

 

Violência doméstica

Esta não é mais do que uma forma de bullying que, em vez de ser praticada contra colegas ou conhecidos, é praticada contra alguém da família, normalmente uma das pessoas mais próximas (esposa, marido, filhos, pais).

 

Ciberbullying

A internet é cada vez mais usada como ferramenta de bullying, seja para espiar e controlar a vítima, seja para a pressionar, humilhar e agredir. Pode manifestar-se sob a forma de difamação nas redes sociais, de lançar boatos destrutivos, insultos, fotos comprometedoras; ou mandando mensagens sem parar, tentando controlar tudo o que ela faz, com quem está, onde está. Este tipo de bullying é muito praticado entre jovens e adolescentes. Pode destruir não só a própria pessoa, mas a sua imagem pública, tendo consequências graves no seu futuro.

 

Sinais

O mais frequente, é quem está à volta não ver nada de abusivo na situação. Isso, não porque as pessoas sejam negligentes ou desinteressadas, mas porque o agressor cria toda uma envolvência para não ser detetado. Faz parte do “jogo” dele.

Então, como podes saber se uma pessoa próxima de ti está a ser vítima de algum tipo de violência psicológica? Há sempre sinais na vítima. Começa por haver uma degradação interior, que se pode manifestar na diminuição de interesse que ela dá a algumas coisas, arranjar-se menos bem, ser menos cuidadosa com algumas coisas que faz. Há uma confusão e desorganização crescentes, que podem levar a maior dificuldade em cumprir as suas tarefas habituais, por vezes até parecendo que se está a tornar um pouco desleixada. E sempre há sinais emocionais: maior tristeza e angústia, mais tendência para se isolar, aumento de ansiedade, medos, etc. O isolamento da vítima, é uma estratégia de quase todos os agressores. Com o tempo, ele pode fazer com que ela se vá afastando de família e amigos. Este sempre deve ser um sinal de alerta para quem está próximo.

A vítima aprende a não querer dar nas vistas. Mas, se és uma pessoa próxima, podes começar a perceber que algo não está bem. Se estás com dúvidas em relação a alguma pessoa que conheces, contacta-nos. Podemos ajudar-te a identificar a situação e a perceber como podes ajudar sem colocares a pessoa em risco.

 

O abuso pode ser uma atitude muito leve, banal, aparentemente inofensiva. É a carga emocional que lhe é dada, e que a vítima conhece, que lhe dá o seu poder destrutivo. Por vezes, um simples olhar, uma palavra, um gesto, que outras pessoas podem ver e desvalorizar. É o significado que o agressor lhe dá, que pode ser uma ameaça, um “recado”, e que a vítima já sabe o que significa ou o que lhe vai trazer.

Isto faz com que a vítima viva num modo de ansiedade, ou mesmo terror, constantes. Ela nunca sabe quando a agressão vai surgir. É como um jogo para o agressor. Um jogo de destruição, em que a vítima, na grande maioria das vezes, está sozinha, pois não se atreve a partilhar ou pedir ajuda.

 

Violência psicológica provoca marcas profundas na sua vítima, que podem acompanhá-la ao longo de toda a sua vida. Não é um jogo nem uma coisa divertida. É um ato de crueldade que não deve ser permitido.