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Despersonalização não é uma “doença”, mas uma disfunção do cérebro. Toda a nossa abordagem de tratamento é baseada nesta nossa visão do problema. O foco do nosso trabalho é em desativar o programa disfuncional que foi criado no cérebro dessa pessoa, e criar um novo programa para o substituir.

 

Nas abordagens mais tradicionais, como a neurologia e a psiquiatria, a despersonalização é vista como uma doença e o tratamento é através de medicação. E frequentemente considera-se que essa “doença” não seja curável e que a pessoa precise de medicação provavelmente para o resto da vida.

 

Vendo o problema como uma disfunção, nós não pensamos em “cura” mas em treino de competências, em treinarmos estas pessoas a conseguirem gerir o que se passa no seu cérebro até ultrapassarem o problema.

Eis algumas das áreas que trabalhamos nestes casos:

 

  1. Sintomas

A pessoa aprende a reconhecer os sintomas, o início de uma crise, a ameaça de que talvez vá começar uma ou o já estar no meio de uma crise que não avisou.

Percebe que os sintomas são apenas isso, sintomas; que não são o problema real. Mas que, no fundo, nos são úteis pois nos permitem planear e treinar ferramentas específicas para lidar com eles.

 

  1. Duas realidades

Quando durante a crise, é muito forte a dúvida de qual será a verdadeira realidade (a real ou a que o cérebro está a construir no momento) usam-se estratégias para ajudar a segurar o cérebro (grounding) na realidade verdadeira, usando os sentidos, como pegando um cubo de gelo, encostando a testa na parede, etc. Desenvolvem-se, à medida de cada situação e pessoa, as ferramentas para ajudar o cérebro da pessoa a perceber que esta é a realidade, e a trazê-lo de volta do lugar tóxico onde ele entrou.

 

  1. Triggers

É importante conhecer e identificar triggers – situações, lugares, objetos, etc – que possam desencadear uma crise. No início, esses triggers são evitados e depois vão sendo geridos, à medida que o risco diminui.

 

  1. Desativar a crise

É importante a pessoa aprender a manter uma parte do cérebro “lúcida” ou “agarrada” mesmo durante uma crise forte, e conseguir usá-la para implementar as ferramentas necessárias (que já estão definidas e treinadas) para a desativar.

 

  1. Riscos

A gestão de riscos é uma constante, no meu trabalho. Nesta situação, em que o risco pode ser de morte, é fundamental fazer esta gestão com o cliente e, muitas vezes, com a família. É importante cada pessoa saber muito claramente o que pode acontecer, como uma crise se pode desenrolar e como agir em cada situação. Em casos em que o risco de suicídio seja mais sério, sempre procuro ter um “apoio”, alguém, como um familiar ou amigo que vive com esse jovem e que sabe como ajudar quando ele está numa luta mais intensa ou mesmo numa emergência. Em jovens que estejam em boarding school, por exemplo, normalmente procuro ter este apoio da parte de um colega mais próximo ou um room mate.

 

  1. Mindfulness

O Mindfulness é um conjunto de ferramentas que uso imenso. No caso da despersonalização, o treino do uso dos sentidos é fundamental para ajudar a “agarrar” a realidade.

 

  1. Substituição

É feita uma substituição, sistemática, perseverante, da “narrativa” mentirosa, por uma intencional e real.

 

  1. Neuroprogramação

Perceber como funciona o cérebro, as áreas de impulso e instinto, as do modo racional, os bioquímicos (gestão intencional de produção das hormonas), permite começar a fazer uma gestão do problema no próprio cérebro, desenvolvendo a capacidade de decidir “onde” quer estar, criando um novo programa, mais positivo e funcional, que leve ao ultrapassar do problema.

 

  1. Treino à família

Quando o jovem é muito jovem (por vezes ainda no início da adolescência), faço também um trabalho de informação e treino com a família. É fundamental os pais perceberem o que está a acontecer no cérebro do seu filho/a e de que forma o podem ajudar.

 

Despersonalização não é uma “doença”, mas é uma disfunção suficientemente grave para poder tirar a vida de uma pessoa. Se te parece que o teu filho anda a lutar com pensamentos ou sensações estranhas, ou se notas novos comportamentos nele que não te fazem sentido, não desvalorizes. O risco, o custo, pode ser demasiado alto.

 

Se queres ajuda ou simplesmente perceber o que poderá estar a passar-se com o teu jovem, contacta-nos!