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Confundir violência doméstica com conflitos, pode ser um erro grave, com sérias consequências para quem está a viver essa realidade. Mas a linha que separa as duas situações pode não ser assim tão clara à primeira vista, apesar de serem duas situações totalmente diferentes.

 

Porque é tão difícil distinguir?

Pensar em palavras como agressão ou violência doméstica, não é fácil para quem está a viver isso. São palavras de acusação muito graves. O simples pensar nisso, faz com que a pessoa sinta que está a trair o seu companheiro/a, levando-a a tentar encontrar outras razões para as atitudes dele: acha que ele está em depressão, stress, traumas de infância, etc. E isto é alimentado pelo agressor que sempre estimula, por um lado, as justificações engenhosas para o seu comportamento e, por outro, os sentimentos de culpa da sua vítima.

Para agravar, muitos dos especialistas que trabalham com este tipo de problema, também o veem como conflitos. Pessoas que estão a viver situações graves de violência doméstica, podem entrar num processo de Terapia de Casal, em que o problema é tratado como se fosse conflitos.

 

E é assim tão grave não fazer a distinção?

Em quase todos os casos de morte da vítima, isso é totalmente inesperado e surpreendente. O assassino é descrito por aqueles que o conheciam, como uma pessoa de quem nunca seria de esperar tal ato. Nunca ninguém pensou que esse casal estivesse a viver uma realidade de violência doméstica.

Por isso é grave não fazer a distinção. Um agressor é um predador, uma pessoa potencialmente perigosa. Na sua maioria, como excelentes atores que são, parecem pessoas até melhores do que a média, o que leva a que os outros estejam desprevenidos. Num dos próximos artigos desta série, vou falar das características do agressor.

 

Qual a diferença entre VD e conflitos?

Para distinguires entre violência doméstica e conflitos, precisas de olhar abaixo da superfície. As atitudes e palavras podem ser as mesmas; o aspeto das “cenas” pode ser o mesmo. Em situações de conflito, pode até haver cenas mais violentas do que em muitos dos casos de violência doméstica.

A diferença não está no ato em si, mas na motivação interior. Nos conflitos, a pessoa é contrariada, fica chateada ou mesmo furiosa e reage de acordo com isso. Na VD há uma intenção de fundo de magoar, de ferir; a característica é a crueldade e não o pavio curto.

A diferença percebe-se, quando se olha para o padrão, para a forma como a pressão é exercida, para as características dessa pressão. Ao longo desta série de artigos, irás perceber isso com mais clareza.

 

Violência doméstica não é só violência física!

A destruição mais cruel é a psicológica, pelas suas componentes de terror constante e de destruição do interior, da alma da sua vítima. Mesmo obter ajuda, é muito mais difícil quando não há quaisquer marcas de maus tratos. A pessoa fica sozinha, isolada no seu mundo de horror, sem ter onde receber apoio e, muitas vezes, sem sequer perceber qual o problema que está a enfrentar. E quanto mais grave a situação, mais difícil é de ser identificada. Os agressores mais cruéis e destrutivos, são também os mais camuflados, muitas vezes parecendo pessoas maravilhosas.

Eles são atores perfeitos. Só conhecendo bem as características e dinâmica específica desta situação, podes reconhecê-la… em tua casa ou na de uma pessoa próxima.

 

Sinais de alarme:

  • Um os sinais mais frequentes, é a excessiva perfeição. Principalmente numa fase inicial, de namoro, o facto de a outra pessoa ser tudo o que tu desejarias num companheiro, é um dos maiores sinais de alerta. A probabilidade de que seja um predador é muito alta.
  • O agressor julga-se superior aos demais, e pode passar essa mensagem de forma subtil ou bastante clara. Ele considera-se incompreendido e invejado por todos, devido a essa sua superioridade.
  • Não se inibe de fazer duras críticas a outras pessoas, por vezes passadas com um aspeto “leve” e inconsequente, mas onde se pode sentir um total desprezo pelo que o outro possa sentir. É capaz de usar palavras bem cruéis com um sorriso, como se fosse apenas uma brincadeira.
  • Pode ter bruscas mudanças de humor, com extremos e atitudes exageradas como, por exemplo, mostrar-se muito ofendido ou magoado com algo que não é assim tão grave.

 

Ao longo desta série de artigos, vou estar a partilhar não só aspetos que te permitam identificar uma situação de violência, como também algumas atitudes e medidas que podes tomar, para ajudar um/a amigo/a ou para lidares com a tua própria situação.

 

Violência doméstica destrói muitas vidas.

Tu podes fazer a diferença numa delas!