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Devo continuar a confiar ou acabar com a relação?  

Numa visão dualista, de sim ou não, esta é a pergunta que normalmente se coloca. Mas para lidares com uma quebra de confiança grave, de uma forma construtiva, precisas de desenvolver uma visão muito mais alargada do que apenas duas opções extremas. 

 

Diferentes formas de reação 

Há pessoas que optam por continuar a confiar, acreditando que o outro tem boa intenção e vai mudar. No entanto, limitam-se a ficar na esperança, não fazendo nada para começar a construir um percurso diferente, que leve a um resultado diferente. O outro até pode ter boa intenção, mas isso não é suficiente para mudar; vai tentando e falhando, num ciclo que sempre se repete.  

Muitas pessoas procuram não ver a evidência de que o outro não tem intenção de mudar; vivem achando que ele/a até quer, mas não consegue. 

Muitas temem as consequências de fazerem ou dizerem alguma coisa – será que vai haver discussão? Que as outras pessoas vão ouvir, ficar a saber? Será que ele vai embora? Se ele/a for embora, o que é que vais fazer da tua vida? 

Há pessoas que aceitam a situação para tentarem manter a relação. Normalmente o outro percebe isso e usa-o quer seja de forma aberta, por exemplo com ameaças de que vai embora, seja através de subentendidos e meias palavras. 

 

Adultério ou relações abertas? 

Um dos temas mais frequentes, é a infidelidade. Embora continue a ser uma situação escondida, cada vez mais pessoas assumem isso abertamente, defendendo que é correto, que não tem nada de errado, que a ideia de fidelidade os faz sentirem-se castrados. Mesmo assim, apesar de não concordarem, muitas pessoas aceitam continuar neste tipo de relação, esperando uma mudança que nunca irá acontecer. 

A ideia de relações abertas, em que ambos têm a liberdade de fazer o que quiserem e com quem quiserem, é defendida por algumas pessoas como mais correta. Aqui, não há ninguém a ser enganado, uma vez que ambos sabem e aceitam. Mas em muitos casais, o “aceitar” este tipo de situação, é apenas uma forma de tentar que o outro não se vá embora. Estas pessoas sentem-se obrigadas a escolher entre permitir e ir vivendo assim, ou não aceitar e ver essa relação acabar. 

Para além disso, este tipo de “relações abertas”, entra em choque com a nossa consciência. Esta é algo que já nasce connosco; não é apenas fruto da nossa sociedade ou cultura. O que podemos, é calar a nossa consciência, silenciá-la. Todos nós fazemos isso um pouco, o procurar não ouvir a nossa “voz interior”. Mas calar a consciência tem custos, tanto a nível individual como nos relacionamentos. 

 

Outros tipos de traição 

Adultério não é a única traição grave entre pessoas próximas. Tenho trabalhado com pais que foram enganados por filhos (financeiramente ou de outra forma); com filhos que foram enganados por pais ou por irmãos; assinaturas falsificadas; mentiras graves que levam à rejeição de algum dos membros da família, ou até a retirá-lo do testamento (para proveito, normalmente financeiro, do que inventou essas mentiras). 

Nestas situações, é muito comum a(s) pessoa traída pensar que isso só acontece com ela, que é uma situação única. Ou ficar debaixo do peso da vergonha, de que se saiba que lhe aconteceu tal coisa, tanto pelo embaraço de que na sua família haja alguém assim, como da sua ingenuidade em se deixar enganar, muitas vezes por alguém que já tinha dado suficientes indícios de que não era de confiança. Isso faz com que não procurem apoio e não venham a resolver a situação. 

 

Se passaste por algum tipo de traição e gostarias de perceber como lidar com tudo isso, num ambiente de compreensão, empatia e sigilo, contacta-nos. Iremos ajudar-te a fazer esse percurso.