Perdão é algo que fazes, um novo percurso que começas a percorrer, enquanto essa dor ainda não passou nem quer passar, enquanto ainda não tens vontade de o fazer. Perdão não acontece quando a dor passa mas, pelo contrário, é o que precisas de fazer para que ela passe.
Perdão é uma decisão
Só tu podes decidir o que queres fazer com a tua mágoa. O perdão é uma decisão racional, consciente e intencional de:
- Aceitar a injustiça – de perceberes que ela aconteceu, que está colada a ti, à tua memória, e que só podes libertar-te dela quando a aceitas e tomas posse dela, quando essa injustiça deixa de te ser imposta.
- Cancelar uma dívida – é uma dívida real que o outro tem para contigo pelo mal que te fez, mas podes decidir cancelá-la, não voltar a cobrá-la (de cada vez que sofres com isso, estás a clamar por justiça, estás com essa dívida nas tuas mãos).
- Libertar-te – é decidires que já não queres ser escravo do outro, que queres tomar posse da tua vida e começar a vivê-la em pleno.
- Repetir a decisão – todas as vezes que for preciso. As memórias, a dor, vão voltar a assombrar-te, durante este processo. Precisas de estar determinado a repetir a tua decisão de todas as vezes que isso acontecer, até te libertares totalmente.
Perdão é um percurso
O perdão não é um evento; não é algo que decides uma vez e pronto, estás livre. Pelo contrário, o perdão é um processo que precisas de ir trabalhando com determinação, passo a passo, até o conseguires encerrar. Nesse processo, há alguns passos práticos que é importante dares:
- Assume o compromisso de encerrar esse tema – Podes fazer algo prático, como escrever a ofensa num papelinho e depois pegar-lhe fogo ou deitá-lo ao mar, por exemplo. Este passo simbólico vai ajudar o teu cérebro a estar mais disposto a fazer esse percurso do perdão.
- O compromisso de não voltares a mexer nisso, de não voltares a falar disso com ninguém.
- O compromisso de não lembrares – não podes fazer nada para esquecer o que aconteceu, mas podes não permanecer nessa memória. Nos meus artigos sobre Mindfulness, encontras informação prática acerca de como manter a mente no momento presente. Vê-os em https://lisboacounselling.com/index/
E as emoções, não são importantes?
Certamente que sim. Nós somos seres emocionais e sentimos o que nos fazem. Por isso, o perdão só pode ser uma decisão. Se sofreste algo grave, nunca vais deixar de sentir essa dor de forma natural.
Mas pensa no teu corpo físico. Se tiveres uma ferida muito grande, vais querer curá-la, ir ao hospital se necessário, tratar da cicatrização, talvez mais tarde até fazer uma cirurgia plástica para remover as grandes cicatrizes. Não faria qualquer sentido deixar essa ferida aberta e purulenta ao longo de anos. No entanto, com as feridas do coração e da alma, é precisamente essa a nossa tendência natural, deixá-las abertas, infetadas, gangrenando e “matando” grandes fatias do nosso ser.
A minha proposta, é que te atrevas a fazer um caminho diferente, de cura e libertação, de resgate da tua vida e da tua alegria. E mais ainda, que saias desse processo mais forte e melhor do que antes de teres tido o trauma.
Neuroprogramação
Para conseguires isso, precisas de criar um novo “programa” no teu cérebro, para substituir aquele que está a desencadear memórias e dor o tempo todo. O que fazemos, é criar uma nova resposta, um novo percurso, positivo mas realista, e incorporá-lo como um novo padrão de gestão de emoções e situações. E nesse processo, também desativar o velho programa que te mantém mental e emocionalmente amarrado ao trauma.
Mas como fazer um percurso quando todo o teu ser grita que não?
O nosso ser não quer fazer o percurso do perdão. É demasiado absurdo. Por isso, o processo tem de começar pela tua decisão mental, racional. Tens de começar a dar os passos que decides, não os que sentes vontade. À medida que vais fazendo esse caminho, a dor vai sendo menos esmagadora, vais tendo cada vez mais momentos em que estás tão bem como já não te lembravas, as tuas emoções vão ficando menos negativas, menos doridas.
O caminho não é sentir vontade para começar a fazer (isso nunca irá acontecer), mas começar a fazer mesmo sem vontade, para então vir a sentir.
Post Traumatic Growth
Muitas pessoas vivem com um diagnóstico de Post Traumatic Stress Disorder. Se o que te aconteceu foi muito grave, o que esta postura te diz é que vais ficar traumatizado para o resto da tua vida, serás sempre uma vítima do que te fizeram (apesar de não teres culpa disso!) e estás desqualificado para ser feliz.
O que o Post Traumatic Growth diz, é precisamente o oposto – seja qual for a tua dor, seja qual for a gravidade do abuso que sofreste, ou a sua duração, tu podes não só curar completamente, como tornares-te uma pessoa melhor e mais forte do que se não tivesses passado por esse processo, por esse deserto.
Cada vez mais especialistas seguem esta linha. Esta é a abordagem que seguimos na LisboaCounselling, porque eu acredito profundamente que, seja o que for que te tenha acontecido, é possível saíres desse buraco, com uma auto-consciência, uma força interior e uma capacidade de não permitires mais abusos (contra ti ou contra outros) muito maior do que tinhas antes.
Eu acredito que podes ser feliz.
Se queres sair da dor do que te fizeram, deixar de ser uma vítima da maldade ou desrespeito de outros, ajudar-te a fazer esse percurso é a nossa missão. Contacta-nos e vem perceber como podemos ajudar-te.