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Qual é a diferença entre crónico e habitual?
Muitas vezes vejo a palavra “crónico” ligada a emoções. No entanto, as emoções podem ser geridas.
Esta é uma realidade muito diferente de situações clínicas crónicas, como asma ou doenças reumáticas, entre muitas outras. Nestes casos, a pessoa faz tratamento para reduzir sintomas, gerir crises, baixar o impacto do problema e os riscos que ele possa trazer. Mas a doença estará sempre lá. A pessoa pode (e deve) melhorar a sua qualidade de vida apesar da doença, mas nunca se livrará dela.

E é assim tão importante o nome que se usa?
Penso que essa pequena palavra, “crónico”, vai fazer toda a diferença, tanto na gestão do problema como na auto-consciência e capacidade de superação.
Quando acreditas que as tuas emoções, seja depressão, crises de ansiedade ou outras, são crónicas e vão acompanhar-te durante toda a tua vida, o teu mindset vive à mercê dessas emoções. Tens de as aguentar, não podes livrar-te delas. Quando muito, podes anestesiá-las com medicação.

Emoções funcionam como um hábito
Ao contrário das doenças crónicas, que podem ser identificadas no corpo da pessoa através de exames médicos, as emoções não se veem; não há nenhuma parte do teu corpo, ou algum órgão, que esteja avariado e a provocar essas emoções.
Por isso, se fala em gestão de emoções. Como elas são um hábito, um padrão, podes geri-las, podes desenvolver competências e ferramentas para lidares melhor com as tuas tendências emocionais.
Na realidade, todos nós temos tendência para determinado tipo de emoções, seja angústia, ansiedade, stress, ira ou outras. Perceberes que podes fazer alguma coisa para gerires e até mudares as tuas emoções, vai aumentar a tua autonomia, a tua capacidade de auto-regulação. Ao perceberes como todas as coisas estão interligadas e se influenciam, vais alargar a tua visão, a tua capacidade de gerires o próprio corpo físico, de melhorares o teu equilíbrio bioquímico e hormonal. É um estilo de vida muito mais pró-ativo, tens mais “voto na matéria” do que se passa contigo, desenvolves mais resiliência, mais capacidade de estares bem e de seres feliz.

A história da Carla
A Carla procurou-me por insistência do marido. Ela estava diagnosticada com depressão crónica há vários anos. Apesar da forte medicação que tomava, as suas emoções eram muito oscilantes, com crises frequentes. O Outono, por exemplo, era sempre um tempo mais difícil, o “cair da folha”, chuva, dias mais pequenos e escuros, era um tempo em que sempre tinha crises maiores, mais dificuldade em fazer fosse o que fosse. Muitas vezes tinha de recorrer a baixa médica. As relações familiares, principalmente com o marido e filhos, estavam muito desgastadas. Eles tinham de ser compreensivos e apoiá-la, mesmo sem saberem como nem verem qualquer melhoria com isso.
Eu comecei a trabalhar com a Carla pelo “exterior”, pelo mais superficial, pelos sentidos. Ela não era capaz de mudar as suas emoções mas começou, lentamente, a conseguir sentir e observar as sensações físicas e a sentir prazer com algumas delas (coisa que já não conseguia há muitos anos), como o conforto de um cachecol quentinho em volta do pescoço, o cheiro das castanhas assadas ou um pardalito a tomar banho numa poça de água. Aprendeu a fazer pequenas pausas na angústia, a ficar alguns momentos sem a sentir, mantendo-se apenas nas sensações físicas por breves momentos. Percebeu que conseguia isso. Essa constatação, começou a reduzir o poder absoluto que a angústia tinha sobre ela. Começou a conseguir ter breves momentos de alegria.
Quando ela começou a ter a capacidade de sair, por si própria, dos momentos de angústia, ensinei-a a gerir a dinâmica da depressão. Ela aprendeu a perceber quando estava na “descida” e ferramentas para inverter esse processo. Aprendeu a gerir, ela própria, as suas tendências emocionais. Deixou de viver presa na angústia.
Quando percebeu que já não precisava de medicação, trabalhou com o seu psiquiatra o retirar gradual dos vários medicamentos que tomava.
Durante as primeiras semanas de trabalho com a Carla, apoiei também o marido, ajudando-o a perceber como as emoções dela funcionavam e como ele a podia ajudar a não entrar em crise.

Na LisboaCounselling fazemos um treino prático para ajudar o/a nosso cliente a resolver o seu problema. E sempre que necessário, fazemos também orientação ou treino à família, principalmente em situações mais difíceis ou que envolvam risco, como no caso de tendências suicidas.

Se tu ou um familiar teu estão a precisar de ajuda, contacta-nos. Iremos ajudar-te a entender o que podes fazer para mudar a situação.